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domingo, 2 de dezembro de 2012

O prazer da leitura

Você gosta de ler?

Eu tenho uma paixão incondicional por livros. Amo ler! Os mais variados temas, estilos e autores. Leio clássicos da literatura mundial e brasileira, ficção e não ficção, romance, suspense, drama, aventura,  relatos de viagens que revelam muitas vezes um excelente planejamento estratégico, biografias de artistas e empresários, literatura infanto-juvenil, poesia, dramaturgia, auto ajuda, etc.

Quando criança, antes de ser alfabetizada, eu folheava os livros infantis e fazia de conta que estava lendo as histórias. Quando aprendi a ler e escrever, eu lia sempre os gibis da Turma da Mônica, foram eles que despertaram minha paixão pela leitura.

Quando leio, imagino a história acontecendo, os personagens ganham forma, aparência, os lugares ganham vida, cor, se tornam reais, eu “entro” no livro, chego mesmo a criar um filme do livro com seus cenários, roupas, paisagens, os atores; chego a imaginar até mesmo a trilha sonora para a cena ou o personagem.

Quando lemos, deixamos de lado nossos problemas, o stress, o trabalho, nossos medos, anseios, tristezas, timidez. Aquietamos nossa mente, ficamos absortos no desenrolar da história, torcemos pelos personagens. A leitura nos permite imaginar, sonhar, fugir da realidade.

Além de proporcionar lazer e prazer, o livro é fonte de cultura, conhecimento, história. A leitura nos permite um maior conhecimento e domínio da nossa Língua Portuguesa pelo contato com as palavras, a ortografia, a construção gramatical das frases. Com o hábito da leitura, aprimoramos o nosso conhecimento da nossa Língua Portuguesa e aprendemos a expressar melhor nossas ideias, nossos pontos de vista, a escrever melhor, com maior clareza e coerência, nos tornamos mais críticos e mais interessantes. Na falta de assunto, um livro pode ser uma ótima ideia para o início de um bate papo, pode nos dar um amigo novo etc.

Com as férias chegando, nada melhor que um livro para ler nas horas livres, numa tarde chuvosa, e para descansar a mente da agitação cotidiana.

Se você não tem muitos livros, pode trocar com seus amigos, você empresta um livro seu para ele e toma outro emprestado. Você também pode procurar uma biblioteca e pegar um livro emprestado. Outra dica bacana é baixar pela internet no site www.dominiopublico.gov.br/. Se você não vai tirar férias e não tem tempo de ler, ou não gosta de ler, pode baixar audiolivros e ouvir no trânsito ou em qualquer outro lugar.

Para as crianças e adolescentes (e para os adultos também!), uma dica que deixo aqui é Monteiro Lobato, que estimula nossa mente a imaginar bichos, objetos, vegetais ganhando vida, como uma baratinha falando, uma boneca arteira e tagarela, um sabugo de milho inteligente, etc. Seus livros nos tiram da realidade e nos levam para um mundo imaginário delicioso! Vale a pena!

E você, gosta de ler? Qual livro está lendo no momento? Qual livro mais gostou de ler? Por quê? Como é a história dele, do que fala o livro? Envie seu comentário, sua dica de um livro bacana para lermos nas férias!
Abraços.

www.bibliotecas.sp.gov.br/
http://www.centrocultural.sp.gov.br/



domingo, 27 de maio de 2012

Onde ou aonde?

A maioria das pessoas não sabe a diferença entre as duas palavras e as emprega incorretamente.
É comum ouvirmos em músicas o emprego de aonde sendo que o correto seria onde, como ocorrem nos exemplos:
Aonde está você?
Aonde você mora ...
O que há de errado? Os dois exemplos acima indicam permanência em algum lugar e não movimento para algum lugar. Verificando no dicionário encontramos a diferença entre os dois casos.
Aonde – advérbio formado pela composição da preposição a + onde e significa para onde, para qual lugar. Ou seja, dá a ideia de movimento, de deslocamento de um lugar para outro.
Onde – advérbio e significa em que lugar, no lugar em que, em qual lugar. Ou seja, permanência em determinado lugar.

Exemplos:
“- É casado, disse eu para Escobar. Maria onde está?” (Dom Casmurro - Machado de Assis)
* onde = em que lugar

“- O que me admira é que D. Glória se acostumasse logo a viver em casa da cidade, onde tudo é apertado; a de lá é naturalmente grande.” (Dom Casmurro - Machado de Assis)
* onde = no lugar em que

“- E, por falar, onde anda a senhora Emília?” (...) (Reinações de Narizinho - Monteiro Lobato) * onde = em que lugar
“- Ir para onde? – perguntou a borboleta.” (Reinações de Narizinho - Monteiro Lobato)
* neste caso para onde pode ser substituído por aonde, ficaria: Ir aonde?

“- Fique quietinho aí e divirta-se com esses bolos. Vou levá-lo para o sítio da vovó, onde poderá viver uma vida sossegada sem ser preciso tirar esmolas.” (Reinações de Narizinho - Monteiro Lobato) 
* onde = no lugar em que

“- Onde está ele?” (Reinações de Narizinho - Monteiro Lobato) 
* onde = em que/qual lugar

“- Onde está a princesa?” (Reinações de Narizinho - Monteiro Lobato)  
* onde = em que/qual lugar

sábado, 7 de abril de 2012

ADVÉRBIOS

No último post coloquei uma questão contendo advérbios.
Você deve achar uma chatice e se perguntar para que precisa disso.
Em primeiro lugar, para mostrar domínio da língua portuguesa e empregar corretamente cada classe gramatical de acordo com o contexto, a situação.
Se você estuda, precisa saber para ir bem à escola. Se você não aprender bem os advérbios não aprenderá direito as orações subordinadas (se você já estudou e não sabia usar direito os advérbios, tenho certeza que você odiava as orações subordinadas e ia mal às provas...). Questões com advérbios caem em vestibulinho, vestibular, concurso público, etc.
Se você quer aprender inglês e mal domina o português, como conseguirá aprender outra língua se não sabe quais são as classes gramaticais em português e quando ou onde empregá-las?
Advérbio são palavras que modificam outras palavras, mais precisamente, modificam o sentido de um verbo, um adjetivo ou outro advérbio.
O advérbio é uma palavra invariável, ou seja, não tem gênero (masculino/feminino) nem número (singular/plural).
Os advérbios expressam:
  1. Tempo: quando, hoje, ontem, amanhã, agora, já, nunca, jamais, sempre, tarde, cedo, logo, outrora, depois, etc.
  2. Lugar: onde, aqui, ali, lá, perto, longe, além, adiante, debaixo, dentro, fora, etc.
  3. Modo: depressa, devagar, bem, mal, assim, rapidamente, calmamente, etc.
  4. Intensidade: mais, menos, meio, muito, pouco, bastante, demais, tão, etc.
  5. Afirmação: sim, certamente, realmente, etc.
  6. Negação: não
  7. Dúvida: talvez, acaso, provavelmente, etc.

Grau dos advérbios
1)    Comparativo
a.    Inferioridade: menos que
b.    Igualdade: tão quanto, tão como
c.    Superioridade:
                                          i.    Analítico: mais que
                                        ii.    Sintético: melhor que, pior que
2)    Superlativo
a.    Sintético: calmamente, lindíssimo, dificílimo, etc. (sufixos: mente, íssimo(a), ílimo(a))
b.    Analítico: muito, o mais possível, tão + mente (indica o limite da possibilidade)
Diminutivo com superlativo: usamos para expressar ou acentuar o modo, a intensidade: devagarzinho, cedinho, agorinha, etc.

Praticando

Com base nos exemplos acima, classifique os advérbios em destaque nas frases abaixo:
Exemplo:
a) Agora que expliquei o título, passo a escrever o livro. (agora = advérbio de tempo)
b) Fiquei tão alegre com esta ideia, que ainda agora me treme a pena na mão.
c) Ia a entrar na sala de visitas, quando ouvi proferir o meu nome e escondi-me atrás da porta.
d) José Dias, depois de alguns instantes de concentração, veio ver se havia alguém no corredor; ...
e) Em segredinhos, sempre juntos. Bentinho quase não sai de .
f) Se soubesse, não teria falado, mas falei pela veneração, pela estima, pelo afeto, para cumprir um dever amargo, um dever amaríssimo...
José Dias amava os superlativos. Era um modo de dar feição monumental às ideias; não as havendo, servia a prolongar as frases. (...)
g) Nos lances graves, gravíssimo.
h) Vá aonde quiser, mas fique morando conosco.
i) Eles, sim; eles, abaixo de Deus.
j) A roupa durava-lhe muito; ao contrário das pessoas que enxovalhavam depressa o vestido novo, ele trazia o velho escovado e liso, cerzido, abotoado, de uma elegância pobre e modesta.
k) Tenho ali na parede o retrato dela, ao lado do marido, tais quais na outra casa. A pintura escureceu muito, mas ainda dá ideia de ambos. Não me lembro nada dele, a não ser vagamente que era alto e usava cabeleira grande; (...)
l) (...) que se foram desta para a outra vida, continuar um sonho provavelmente.
m) Talvez valha a pena dá-la; é só um capítulo.
n) Graça? Bradou ele com fúria; mas aquietou-se logo (...)
o) Cantei um duo terníssimo, depois um trio, depois um quatuor...
p) Como era possível que Capitu se governasse tão facilmente e eu não?
q) Tenho agora um plano, que me parece melhor que outro qualquer.

* Todos os exemplos do exercício foram retirados da obra Dom Casmurro, de Machado de Assis.

Gabarito
a)   agora = advérbio de tempo
b)   tão - intensidade; agora - tempo
c)   quando - tempo
d)   depois - tempo
e)   Em segredinhos - diminutivo com superlativo de modo; sempre - tempo; não -    negação; lá - lugar
f)    não - negação; amaríssimo - superlativo sintético
g)   gravíssimo - superlativo sintético
h)   aonde - lugar
i)    sim - afirmação
j)    muito - intensidade; depressa - modo
k)   ali -lugar; ao lado - lugar; muito - intensidade; Não - negação; vagamente - modo
l)    provavelmente - dúvida
m)  talvez - dúvida
n)   logo - tempo
o)   terníssimo - superlativo sintético
p)   tão facilmente - superlativo analítico
q)   melhor que - comparativo de superioridade sintético

domingo, 25 de março de 2012

Praticando...

Para o post de hoje escolhi algumas questões de Vestibulinho da ETEC – Centro Paula Souza, que você pode encontrar na internet, para revermos o uso de algumas palavras e ortografia correta.

São casos que, muitas vezes, podem nos confundir ao redigirmos um texto, um email, ou ao fazermos um teste de emprego, uma prova de concurso etc.


Questão 1
Assinale a alternativa que completa, correta e respectivamente, o texto a seguir.
Lava-arroz
Em 1958, uma dona de casa, a brasileira Therezinha Zorowich, notou que, ________ cozinhava, desperdiçava muito arroz durante a lavagem dos grãos ______, além disso, estava cansada também de desentupir o ralo da pia.
Por esse motivo inventou, para surpresa da própria família, o lava-arroz, hoje comercializado em todo o mundo.
Therezinha tinha 26 anos na época da invenção e, _________ fosse formada em Odontologia, criou uma série de outros objetos e utensílios, na sua maioria para uso doméstico.
(DUARTE, Marcelo. O livro das invenções. São Paulo: Cia das Letras, 1997. Adaptado)
(A) quando ... e ... embora
(B) quando ... como ... porque
(C) se ... visto que ... ainda que
(D) se ... como ... embora
(E) conforme ... e ... porque


Questão 2
Assinale a alternativa que completa, correta e respectivamente, as frases a seguir.
Os pais, Henrique e Francisca, enviaram a carta ____ capital da França, Paris.
Todos os familiares mandaram lembranças ____ Alberto.
Com certeza, Santos Dumont resistiu ____ opiniões contrárias aos seus projetos.
(A) a ... a ... as
(B) a ... à ... às
(C) à ... à ... as
(D) à ... a ... às
(E) à ... à ... às

Dica:
Reveja meu post sobre a crase, de 11 de março, para ajudar nesta questão. O uso correto da crase é um dos erros mais comuns ao escrevermos um texto, um email.


Questão 3
Assinale a alternativa cuja expressão em destaque está correta de acordo com a norma padrão.
(A) Santos Dumont diferia das outras crianças por seu fascínio por engenhocas mecânicas.
(B) Ele era meticuloso e descriminava todas as etapas de seus projetos.
(C) Os pais desejavam que ele trabalhasse em uma fábrica, na sessão de manutenção de máquinas.
(D) Com o tempo, Santos Dumont se tornou uma figura iminente e respeitada no mundo das invenções.
(E) É fato que ele não se interessou por discutir a cerca de patentes para seus diversos inventos.

Dica: São parônimas, ou seja, palavras que se parecem na pronúncia, mas tem escrita e significado diferentes.
É sempre útil verificar no dicionário! Para facilitar, seguem abaixo os significados:

diferia – do verbo diferir – ser diferente, distinguir-se
deferir – despachar favoravelmente; conceder, conferir, outorgar

descriminava – absolver de crime, inocentar
discriminar – discernir, diferenciar, distinguir

sessão – período, tempo em que dura uma reunião, evento, espetáculo, uma sessão de cinema
seção – divisão, parte de um todo (exemplo, em uma loja de departamentos, seção de roupas infantis...)
cessão – ato de ceder, dar, doar

iminente – que está para acontecer, próximo
eminente – alto, elevado, sublime, excelente

a cerca de – junto, perto, próximo
há cerca de 5 anos – há aproximadamente 5 anos (sempre com h)
acerca de – a respeito de, sobre, quanto a


Questão 4
Juliana, seu namorado Ricardo e mais alguns amigos do curso de gastronomia que ela freqüenta alugaram uma casa de praia para passar as férias de verão. Durante o café da manhã, enquanto todos estavam sentados _________ mesa, Juliana percebeu que Ricardo não se servia dos diversos tipos de queijo que ela havia levado.
─ Escolhi com muito capricho esses queijos, você não os experimenta _________?
─ _________, infelizmente, tenho intolerância à lactose, portanto devo evitar alguns alimentos.
─ Sorte sua não ser um apaixonado por gastronomia!
(http://office2007.microsoft.com Acesso em: 28.10.2011.)

Assinale a alternativa cujas palavras completam, correta e respectivamente, o texto a seguir.
(A) à ... por quê ... Porque
(B) à ... por que ... Por que
(C) à ... porque ... Por que
(D) na ... por quê ... Porque
(E) na ... por que ... Porque


Questão 5
Alunos de uma Etec que participavam de uma Feira de Tecnologia foram à lanchonete do pavilhão de exposições para almoçar. Lá encontraram as seguintes informações no
cardápio.

Opções do dia

Arroz
Feijão com fatias de linguiça calabresa
Abobrinhas e pimentões recheados
Quibe de forno

Batatas fritas que vem cobertas com pimenta e orégano
Salada com tomates, pepinos picados e alfaces frescas
Sucos variados

Preparamos quentinhas para viagem.
Analisando o cardápio, esses alunos perceberam que havia uma incorreção gramatical, pois
A) o adjetivo calabresa escreve-se com z: calabreza.
B) o adjetivo referente a abobrinhas e pimentões deve ser recheadas.
C) o substantivo quibe escreve-se com k: kibe.
D) a forma verbal vem recebe acento circunflexo já que indica o plural: vêm.
E) o substantivo viagem escreve-se com j: viajem.

Dica:
Para esta questão, um dicionário ajuda.
A prática de leitura (especialmente livros, jornais, revistas) é sempre útil para verificar a ortografia correta das palavras. Ao redigir um texto ou email, verifique no dicionário a ortografia correta, caso tenha dúvidas ou se a palavra for complicada. Não é vergonha nenhuma olhar no dicionário, não importa sua idade ou seu grau de instrução.


Respostas:
1 A; 2 D; 3 A; 4 A; 5 D


As questões 1 e 4, acerca do uso de advérbios e do “por que”, discutirei nos próximos posts.

domingo, 18 de março de 2012

GERUNDISMO

Semana passada, liguei em uma operadora de celular e, após incontáveis e intermináveis minutos ouvindo aquela musiquinha chata, típica de serviços de telemarketing, uma moça simpática me atendeu. Expus meu problema, ao que ela proferiu o tão famoso jargão das operadoras de telemarketing:

"Um minuto senhora, que eu VOU ESTAR VERIFICANDO."

Há alguns anos o gerundismo virou moda, especialmente nos serviços de telemarketing e vem invadindo cada vez mais as ruas, a internet, a escrita...

A minha pergunta é: Por que usar três verbos para expressar uma única ideia, uma única ação?

Veja, no caso do VOU ESTAR VERIFICANDO, a ação principal é o verbo VERIFICAR. Seria muito mais simples se a atendesse dissesse "Um minuto senhora, que eu verificarei" ou, no máximo, "Um minuto senhora, que eu vou verificar". Gasta menos saliva, ou no caso do texto escrito, escreve-se ou digita-se menos (evita tendinite).

Na norma culta da língua, o correto seria verificarei, mas esta forma de futuro caiu em desuso, sendo que, o mais comum, o mais utilizado na linguagem cotidiana, na língua falada é "vou verificar", em que o verbo ir (vou) tem função de auxiliar.

O gerundismo é mais adequado para expressarmos uma ação contínua que está, estava ou estará acontecendo em um exato momento, por um período de continuidade. Seguem exemplos:

"- Acuda, Nastácia! Emília está se afogando!"... – gritou a menina aflita. (está = verbo auxiliar; afogando = verbo principal no gerúndio)

"'- Está bobeando sua avó, minha filha?" (está = verbo auxiliar; bobeando = verbo principal no gerúndio)

"- (...) Estou pendendo de sono... " (estou = auxiliar; pendendo = verbo principal no gerúndio)

"A preta vinha entrando com a trouxa de roupa lavada à cabeça." (vinha = verbo auxiliar no passado; entrando = verbo principal no gerúndio)

Nos exemplos citados, o verbo principal está no gerúndio e é antecedido de um verbo auxiliar e a ação está acontecendo no momento em que é narrada.

O uso do auxiliar ir (vou dar, vai fazer) sem verbo no gerúndio, é mais comum para expressarmos uma ação no futuro, como ocorrem nos exemplos:

"(...) Vou dar uma grande festa em sua honra e quero vê-la deslumbrar a corte." (futuro = darei)

"Vou portanto abandonar esta vida de costureira (...)" (futuro = abandonarei)

"Amanhã sem falta vou levar Emília ao consultório dele – disse ela ao príncipe." (futuro = levarei)

Vimos nestes exemplos que o verbo auxiliar pode ser substituído pela conjugação do verbo principal no futuro e não há necessidade de usar o gerúndio.

É mais simples e correto dizer "Vou levar Emília ao consultório" ou "Levarei Emília ao consultório" e não: "Eu vou estar levando Emília o consultório"
Não há necessidade de complicar e usar três verbos para expressar uma única ação. Se você é adepto do gerundismo e acha que está falando bonito ou falando difícil, releia este texto e livre-se do vício do gerundismo.

Se você é atendente de telemarketing ou trabalha com o público, anote em um caderninho de consulta diária o modo correto de falar e adote o hábito de dizer: "Um minuto senhora, que eu verificarei" ou, no máximo, "Um minuto senhora, que eu vou verificar".

Se você é estudante, desempregado ou tem qualquer outra profissão, releia este texto e jamais adote o gerundismo em seu cotidiano.

*Exemplos extraídos da obra Reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato, com exceção da frase da operadora de telemarketing.

domingo, 11 de março de 2012

CRASE – à

É muito comum as pessoas se confundirem no uso da crase. Alguns não a usam e outros a usam em excesso, inclusive onde não devemos usá-la.
  • A crase (à) é filha do casamento da preposição a com o artigo a.
A crase (à) é super vaidosa, ela anda sempre com um acessório para enfeitá-la e diferenciá-la dos seus pais, o acento grave ( ` ) à. Fica super bonitinha e ajuda-nos a diferenciá-la da preposição a e do artigo a.
Ela também aparece na união: 
  • Da preposição a + o pronome demonstrativo a/as = aquela/s
Sua ideia é igual à de todos nós (neste caso a crase refere-se a aquela ideia, que está subentendida)
  • Da preposição a + o pronome demonstrativo aquela(s), aquele(s), aquilo,
Refiro-me àquele livro. (a + aquele)

Onde ou quando podemos aplicá-la?
Sempre que o verbo/ termo regente, pedir a preposição a e o termo regido aceitar o artigo feminino a, usamos a crase:
"Gurgel tornou à sala e disse a Capitu que a filha chamava por ela." (MA)
Por outro lado, se entendermos que a audiência aqui não é das orelhas, senão da memória, chegaremos à exata verdade.  (MA)
Neste exemplo, o verbo chegar pede a preposição a +  o artigo a
chegaremos a (preposição) + a (artigo) exata verdade

A crase escolhe suas companhias.  Ela não acompanha qualquer palavra.
A crase sempre antecede: 
  • horas
"Prima Justina escapou aos meus; eu é que não escapei ao efeito da insinuação, e no domingo, às onze horas, corri à Rua dos Inválidos." (MA) 
  • expressões (à moda, à francesa etc)
"E porque a palavra me estivesse a pigarrear na garganta, dei uma volta rápida, e perguntei-lhe à queima-roupa:
- Capitu como vai?" (MA) 
  • expressão adverbial feminina
"Era mulher por dentro e por fora, mulher à direita e à esquerda, mulher por todos os lados, e desde os pés até a cabeça." (MA)
"Não a matei por não ter à mão ferro nem corda, pistola, nem punhal; mas os olhos que lhe deitei, se pudessem matar, teriam suprido tudo." (MA)
"O canapé, que visse ou não, continuou a prestar os seus serviços às nossas mãos presas e às nossas cabeças juntas ou quase juntas." (MA)
"Só depois que a voz cresceu e o dono dela chegou à porta é que eu parei e vi o que era e onde estava." (MA) 
  • locuções conjuntivas e prepositivas
à medida, à proporção, à beira
"- Talvez em sonho; eu sonho às vezes com anjos e santos." (MA)

A crase nunca acompanha (não antecede): 
  • palavras masculinas
"(...) o que sei e que quando ouvi o meu nome ligado a tal título, deu-me vontade de dizer um desaforo." (MA) 
  • verbos
"Duas ou três fariam crer nelas aos outros, mas a língua que falam obriga muitas vezes a consultar os dicionários, e tal freqüência é cansativa." (MA)
"Ia a entrar na sala de visitas, quando ouvi proferir o meu nome e escondi-me atrás da porta." (MA) 
  • pronomes de tratamento
"Mas eu queria dizer a você..." (MA) 
  • pronomes ela, qualquer, essa, mim
"Não obedeci; cheguei-me a ela." (MA)
"Esta nova sensação me dominou tanto que José Dias veio a mim, e me disse ao ouvido, em voz baixa:
- Não ria assim!" (MA) 
  • pronomes relativos (cujo, cuja, quem)
O autor (MA), a cuja obra foram retirados os exemplos, é Machado de Assis.
Dom Casmurro é a obra a que me refiro. 
  • expressões ou palavras repetidas
cara a cara; passo a passo; dia a dia etc. 
  • nomes de cidades (que não aceitam o artigo a – por exemplo Brasília, Roma, Campinas, Lisboa)
"- Mas, senhor protonatário, - acudiu prima Justina para se ir acostumando ao uso do título, - isto o obriga a ir a Roma?" (MA) 
  • plural
"Quem lhe impede que vá a outras partes?" (MA)

Não podemos confundir o uso do verbo haver com a crase.
"Morreu meia hora, enterra-se amanhã." (MA)  - sentido de fazer (temporal)
"Há coisas que se não ajustam nem combinam." (MA)  - sentido de existir

Resumindo, para facilitar:
USAMOS CRASE diante de: 
  • horas 
  • expressões (à moda, à francesa, etc) 
  • expressão adverbial feminina (à direita e à esquerda, à mão, às nossas, etc.) 
  • locuções conjuntivas e prepositivas (à medida, à proporção, à beira, às vezes, etc.)
NÃO USAMOS CRASE diante de: 
  • palavras masculinas 
  • verbos 
  • pronomes de tratamento (a você, A Vossa Senhoria, a Vossa Santidade, etc.) 
  • pronomes ela, qualquer, essa, mim 
  • pronomes relativos (a cujo, a cuja, a quem, a qual, etc.) 
  • expressões ou palavras repetidas (cara a cara; passo a passo; dia a dia, etc.) 
  • nomes de cidades (que não aceitam o artigo a – por exemplo Brasília, Roma, Campinas, Lisboa) 
  • plural 
Nota: MA = Machado de Assis - trechos extraídos da obra: Dom Casmurro