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domingo, 25 de março de 2012

Praticando...

Para o post de hoje escolhi algumas questões de Vestibulinho da ETEC – Centro Paula Souza, que você pode encontrar na internet, para revermos o uso de algumas palavras e ortografia correta.

São casos que, muitas vezes, podem nos confundir ao redigirmos um texto, um email, ou ao fazermos um teste de emprego, uma prova de concurso etc.


Questão 1
Assinale a alternativa que completa, correta e respectivamente, o texto a seguir.
Lava-arroz
Em 1958, uma dona de casa, a brasileira Therezinha Zorowich, notou que, ________ cozinhava, desperdiçava muito arroz durante a lavagem dos grãos ______, além disso, estava cansada também de desentupir o ralo da pia.
Por esse motivo inventou, para surpresa da própria família, o lava-arroz, hoje comercializado em todo o mundo.
Therezinha tinha 26 anos na época da invenção e, _________ fosse formada em Odontologia, criou uma série de outros objetos e utensílios, na sua maioria para uso doméstico.
(DUARTE, Marcelo. O livro das invenções. São Paulo: Cia das Letras, 1997. Adaptado)
(A) quando ... e ... embora
(B) quando ... como ... porque
(C) se ... visto que ... ainda que
(D) se ... como ... embora
(E) conforme ... e ... porque


Questão 2
Assinale a alternativa que completa, correta e respectivamente, as frases a seguir.
Os pais, Henrique e Francisca, enviaram a carta ____ capital da França, Paris.
Todos os familiares mandaram lembranças ____ Alberto.
Com certeza, Santos Dumont resistiu ____ opiniões contrárias aos seus projetos.
(A) a ... a ... as
(B) a ... à ... às
(C) à ... à ... as
(D) à ... a ... às
(E) à ... à ... às

Dica:
Reveja meu post sobre a crase, de 11 de março, para ajudar nesta questão. O uso correto da crase é um dos erros mais comuns ao escrevermos um texto, um email.


Questão 3
Assinale a alternativa cuja expressão em destaque está correta de acordo com a norma padrão.
(A) Santos Dumont diferia das outras crianças por seu fascínio por engenhocas mecânicas.
(B) Ele era meticuloso e descriminava todas as etapas de seus projetos.
(C) Os pais desejavam que ele trabalhasse em uma fábrica, na sessão de manutenção de máquinas.
(D) Com o tempo, Santos Dumont se tornou uma figura iminente e respeitada no mundo das invenções.
(E) É fato que ele não se interessou por discutir a cerca de patentes para seus diversos inventos.

Dica: São parônimas, ou seja, palavras que se parecem na pronúncia, mas tem escrita e significado diferentes.
É sempre útil verificar no dicionário! Para facilitar, seguem abaixo os significados:

diferia – do verbo diferir – ser diferente, distinguir-se
deferir – despachar favoravelmente; conceder, conferir, outorgar

descriminava – absolver de crime, inocentar
discriminar – discernir, diferenciar, distinguir

sessão – período, tempo em que dura uma reunião, evento, espetáculo, uma sessão de cinema
seção – divisão, parte de um todo (exemplo, em uma loja de departamentos, seção de roupas infantis...)
cessão – ato de ceder, dar, doar

iminente – que está para acontecer, próximo
eminente – alto, elevado, sublime, excelente

a cerca de – junto, perto, próximo
há cerca de 5 anos – há aproximadamente 5 anos (sempre com h)
acerca de – a respeito de, sobre, quanto a


Questão 4
Juliana, seu namorado Ricardo e mais alguns amigos do curso de gastronomia que ela freqüenta alugaram uma casa de praia para passar as férias de verão. Durante o café da manhã, enquanto todos estavam sentados _________ mesa, Juliana percebeu que Ricardo não se servia dos diversos tipos de queijo que ela havia levado.
─ Escolhi com muito capricho esses queijos, você não os experimenta _________?
─ _________, infelizmente, tenho intolerância à lactose, portanto devo evitar alguns alimentos.
─ Sorte sua não ser um apaixonado por gastronomia!
(http://office2007.microsoft.com Acesso em: 28.10.2011.)

Assinale a alternativa cujas palavras completam, correta e respectivamente, o texto a seguir.
(A) à ... por quê ... Porque
(B) à ... por que ... Por que
(C) à ... porque ... Por que
(D) na ... por quê ... Porque
(E) na ... por que ... Porque


Questão 5
Alunos de uma Etec que participavam de uma Feira de Tecnologia foram à lanchonete do pavilhão de exposições para almoçar. Lá encontraram as seguintes informações no
cardápio.

Opções do dia

Arroz
Feijão com fatias de linguiça calabresa
Abobrinhas e pimentões recheados
Quibe de forno

Batatas fritas que vem cobertas com pimenta e orégano
Salada com tomates, pepinos picados e alfaces frescas
Sucos variados

Preparamos quentinhas para viagem.
Analisando o cardápio, esses alunos perceberam que havia uma incorreção gramatical, pois
A) o adjetivo calabresa escreve-se com z: calabreza.
B) o adjetivo referente a abobrinhas e pimentões deve ser recheadas.
C) o substantivo quibe escreve-se com k: kibe.
D) a forma verbal vem recebe acento circunflexo já que indica o plural: vêm.
E) o substantivo viagem escreve-se com j: viajem.

Dica:
Para esta questão, um dicionário ajuda.
A prática de leitura (especialmente livros, jornais, revistas) é sempre útil para verificar a ortografia correta das palavras. Ao redigir um texto ou email, verifique no dicionário a ortografia correta, caso tenha dúvidas ou se a palavra for complicada. Não é vergonha nenhuma olhar no dicionário, não importa sua idade ou seu grau de instrução.


Respostas:
1 A; 2 D; 3 A; 4 A; 5 D


As questões 1 e 4, acerca do uso de advérbios e do “por que”, discutirei nos próximos posts.

domingo, 18 de março de 2012

GERUNDISMO

Semana passada, liguei em uma operadora de celular e, após incontáveis e intermináveis minutos ouvindo aquela musiquinha chata, típica de serviços de telemarketing, uma moça simpática me atendeu. Expus meu problema, ao que ela proferiu o tão famoso jargão das operadoras de telemarketing:

"Um minuto senhora, que eu VOU ESTAR VERIFICANDO."

Há alguns anos o gerundismo virou moda, especialmente nos serviços de telemarketing e vem invadindo cada vez mais as ruas, a internet, a escrita...

A minha pergunta é: Por que usar três verbos para expressar uma única ideia, uma única ação?

Veja, no caso do VOU ESTAR VERIFICANDO, a ação principal é o verbo VERIFICAR. Seria muito mais simples se a atendesse dissesse "Um minuto senhora, que eu verificarei" ou, no máximo, "Um minuto senhora, que eu vou verificar". Gasta menos saliva, ou no caso do texto escrito, escreve-se ou digita-se menos (evita tendinite).

Na norma culta da língua, o correto seria verificarei, mas esta forma de futuro caiu em desuso, sendo que, o mais comum, o mais utilizado na linguagem cotidiana, na língua falada é "vou verificar", em que o verbo ir (vou) tem função de auxiliar.

O gerundismo é mais adequado para expressarmos uma ação contínua que está, estava ou estará acontecendo em um exato momento, por um período de continuidade. Seguem exemplos:

"- Acuda, Nastácia! Emília está se afogando!"... – gritou a menina aflita. (está = verbo auxiliar; afogando = verbo principal no gerúndio)

"'- Está bobeando sua avó, minha filha?" (está = verbo auxiliar; bobeando = verbo principal no gerúndio)

"- (...) Estou pendendo de sono... " (estou = auxiliar; pendendo = verbo principal no gerúndio)

"A preta vinha entrando com a trouxa de roupa lavada à cabeça." (vinha = verbo auxiliar no passado; entrando = verbo principal no gerúndio)

Nos exemplos citados, o verbo principal está no gerúndio e é antecedido de um verbo auxiliar e a ação está acontecendo no momento em que é narrada.

O uso do auxiliar ir (vou dar, vai fazer) sem verbo no gerúndio, é mais comum para expressarmos uma ação no futuro, como ocorrem nos exemplos:

"(...) Vou dar uma grande festa em sua honra e quero vê-la deslumbrar a corte." (futuro = darei)

"Vou portanto abandonar esta vida de costureira (...)" (futuro = abandonarei)

"Amanhã sem falta vou levar Emília ao consultório dele – disse ela ao príncipe." (futuro = levarei)

Vimos nestes exemplos que o verbo auxiliar pode ser substituído pela conjugação do verbo principal no futuro e não há necessidade de usar o gerúndio.

É mais simples e correto dizer "Vou levar Emília ao consultório" ou "Levarei Emília ao consultório" e não: "Eu vou estar levando Emília o consultório"
Não há necessidade de complicar e usar três verbos para expressar uma única ação. Se você é adepto do gerundismo e acha que está falando bonito ou falando difícil, releia este texto e livre-se do vício do gerundismo.

Se você é atendente de telemarketing ou trabalha com o público, anote em um caderninho de consulta diária o modo correto de falar e adote o hábito de dizer: "Um minuto senhora, que eu verificarei" ou, no máximo, "Um minuto senhora, que eu vou verificar".

Se você é estudante, desempregado ou tem qualquer outra profissão, releia este texto e jamais adote o gerundismo em seu cotidiano.

*Exemplos extraídos da obra Reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato, com exceção da frase da operadora de telemarketing.

domingo, 11 de março de 2012

CRASE – à

É muito comum as pessoas se confundirem no uso da crase. Alguns não a usam e outros a usam em excesso, inclusive onde não devemos usá-la.
  • A crase (à) é filha do casamento da preposição a com o artigo a.
A crase (à) é super vaidosa, ela anda sempre com um acessório para enfeitá-la e diferenciá-la dos seus pais, o acento grave ( ` ) à. Fica super bonitinha e ajuda-nos a diferenciá-la da preposição a e do artigo a.
Ela também aparece na união: 
  • Da preposição a + o pronome demonstrativo a/as = aquela/s
Sua ideia é igual à de todos nós (neste caso a crase refere-se a aquela ideia, que está subentendida)
  • Da preposição a + o pronome demonstrativo aquela(s), aquele(s), aquilo,
Refiro-me àquele livro. (a + aquele)

Onde ou quando podemos aplicá-la?
Sempre que o verbo/ termo regente, pedir a preposição a e o termo regido aceitar o artigo feminino a, usamos a crase:
"Gurgel tornou à sala e disse a Capitu que a filha chamava por ela." (MA)
Por outro lado, se entendermos que a audiência aqui não é das orelhas, senão da memória, chegaremos à exata verdade.  (MA)
Neste exemplo, o verbo chegar pede a preposição a +  o artigo a
chegaremos a (preposição) + a (artigo) exata verdade

A crase escolhe suas companhias.  Ela não acompanha qualquer palavra.
A crase sempre antecede: 
  • horas
"Prima Justina escapou aos meus; eu é que não escapei ao efeito da insinuação, e no domingo, às onze horas, corri à Rua dos Inválidos." (MA) 
  • expressões (à moda, à francesa etc)
"E porque a palavra me estivesse a pigarrear na garganta, dei uma volta rápida, e perguntei-lhe à queima-roupa:
- Capitu como vai?" (MA) 
  • expressão adverbial feminina
"Era mulher por dentro e por fora, mulher à direita e à esquerda, mulher por todos os lados, e desde os pés até a cabeça." (MA)
"Não a matei por não ter à mão ferro nem corda, pistola, nem punhal; mas os olhos que lhe deitei, se pudessem matar, teriam suprido tudo." (MA)
"O canapé, que visse ou não, continuou a prestar os seus serviços às nossas mãos presas e às nossas cabeças juntas ou quase juntas." (MA)
"Só depois que a voz cresceu e o dono dela chegou à porta é que eu parei e vi o que era e onde estava." (MA) 
  • locuções conjuntivas e prepositivas
à medida, à proporção, à beira
"- Talvez em sonho; eu sonho às vezes com anjos e santos." (MA)

A crase nunca acompanha (não antecede): 
  • palavras masculinas
"(...) o que sei e que quando ouvi o meu nome ligado a tal título, deu-me vontade de dizer um desaforo." (MA) 
  • verbos
"Duas ou três fariam crer nelas aos outros, mas a língua que falam obriga muitas vezes a consultar os dicionários, e tal freqüência é cansativa." (MA)
"Ia a entrar na sala de visitas, quando ouvi proferir o meu nome e escondi-me atrás da porta." (MA) 
  • pronomes de tratamento
"Mas eu queria dizer a você..." (MA) 
  • pronomes ela, qualquer, essa, mim
"Não obedeci; cheguei-me a ela." (MA)
"Esta nova sensação me dominou tanto que José Dias veio a mim, e me disse ao ouvido, em voz baixa:
- Não ria assim!" (MA) 
  • pronomes relativos (cujo, cuja, quem)
O autor (MA), a cuja obra foram retirados os exemplos, é Machado de Assis.
Dom Casmurro é a obra a que me refiro. 
  • expressões ou palavras repetidas
cara a cara; passo a passo; dia a dia etc. 
  • nomes de cidades (que não aceitam o artigo a – por exemplo Brasília, Roma, Campinas, Lisboa)
"- Mas, senhor protonatário, - acudiu prima Justina para se ir acostumando ao uso do título, - isto o obriga a ir a Roma?" (MA) 
  • plural
"Quem lhe impede que vá a outras partes?" (MA)

Não podemos confundir o uso do verbo haver com a crase.
"Morreu meia hora, enterra-se amanhã." (MA)  - sentido de fazer (temporal)
"Há coisas que se não ajustam nem combinam." (MA)  - sentido de existir

Resumindo, para facilitar:
USAMOS CRASE diante de: 
  • horas 
  • expressões (à moda, à francesa, etc) 
  • expressão adverbial feminina (à direita e à esquerda, à mão, às nossas, etc.) 
  • locuções conjuntivas e prepositivas (à medida, à proporção, à beira, às vezes, etc.)
NÃO USAMOS CRASE diante de: 
  • palavras masculinas 
  • verbos 
  • pronomes de tratamento (a você, A Vossa Senhoria, a Vossa Santidade, etc.) 
  • pronomes ela, qualquer, essa, mim 
  • pronomes relativos (a cujo, a cuja, a quem, a qual, etc.) 
  • expressões ou palavras repetidas (cara a cara; passo a passo; dia a dia, etc.) 
  • nomes de cidades (que não aceitam o artigo a – por exemplo Brasília, Roma, Campinas, Lisboa) 
  • plural 
Nota: MA = Machado de Assis - trechos extraídos da obra: Dom Casmurro

domingo, 4 de março de 2012

MEIA x MEIO

A palavra MEIA muitas vezes é usada incorretamente.

Não se diz "Estou MEIA cansada" ou "Estou metade cansada". Que metade está cansada? O lado esquerdo? O lado direito? As pernas? Metade da cabeça?

Quando falamos algo no sentido de intensidade, por exemplo, "Estou meio (um tanto) cansada", sempre usamos MEIO. Neste caso, a palavra tem função de advérbio de intensidade. O advérbio modifica outra palavra, ou seja, no caso acima, modifica o adjetivo cansada. 

Uma dica para facilitar: dependendo da situação, se meia puder ser substituída por "um tanto" (nem muito, nem pouco), então o correto é usar MEIO e não meia.

Meia só é usada no pé, ou também pode ser meia-calça, sutiã meia-taça, o meia-direita, o meia-esquerda. Também pode ser o ponto-meia do tricô.

MEIA também pode ser METADE de algo, por exemplo, meia maçã, meia lua, meia dúzia, meia entrada (que usamos no cinema, em espetáculos, etc.).

Ao ir à pizzaria é correto pedir meia calabresa e meia catupiry, sem problemas. Pois, neste caso, não é uma intensidade, mas sim metade da pizza de calabresa e metade da pizza de catupiry.

No caso de horas, podemos dizer:
“São duas e meia” (metade de uma hora = 30 minutos).
“É meio dia e meia” (metade de um dia e metade de uma hora).
“É meia noite.”

Também é correto no exemplo: “Volta e MEIA um lambari prateava o ar com um pulo.” (Monteiro Lobato)

Usamos somente MEIO, no sentido de centro:
Dona Carochinha não enxergava nada sem óculos, de modo que ficou a pererecar no MEIO da sala como cega...” (Monteiro Lobato)

Como já dito no início deste texto, no sentido de “um tanto” (nem muito, nem pouco), sempre usamos MEIO:
“A laranja está MEIO azeda”.
“A música está MEIO alta”.
“A roupa está MEIO velha”.

Dúvidas? Sugestões? Envie um email!

quinta-feira, 1 de março de 2012

MENAS

Uma amiga, consultora de Recursos Humanos, deu uma sugestão para o post de hoje.
Há mais de 15 anos atuando na área de RH e em contato direto com o público, ela identificou mais um “deslize” cometido por muitos candidatos a uma vaga de emprego, funcionários e até mesmo clientes.
Muitas pessoas têm o hábito de dizer “Estou MENAS cansada”; “Estou MENAS triste”, ou ainda “A loja está MENAS cheia hoje” etc.
Qual o problema em dizer MENAS?
Fácil. MENAS, simplesmente, NÃO EXISTE!!!
Verifique no dicionário. Não há feminino para a palavra menos, ou seja, não existe MENAS.
Ao digitar a palavra MENAS no Word o programa automaticamente altera para MENOS.
Uma dica fácil para lembrar: MENOS é o contrário de MAIS. Se mais é invariável e não existe feminino, MENOS segue a mesma regrinha.
Quando dizemos algo com o objetivo de comparar, MENOS, assim como o MAIS tem função de advérbio de intensidade. Exemplo: “Fulana é menos alta que Beltrano” ou “ Sicrana é menos inteligente que Fulana”.
Se você conhece alguém que diz ou escreve MENAS, não zombe do seu colega, não o humilhe ou ridicularize. Explique, gentilmente, que a palavra não existe. Use o exemplo da comparação com o MAIS para ele entender. Indique este blog para ele ou ainda, se tiver a oportunidade, abra o blog na frente dele e finja que nem você sabia que MENAS não existe, que acabou de descobrir, assim ele não se sentirá humilhado.
No caso das crianças, por estarem na fase de aquisição da linguagem e ainda não serem alfabetizadas, é sempre bom corrigi-las para não criarem o hábito de falarem MENAS.
Valeu a dica? Se uma consultora de RH está atenta ao que falamos e escrevemos, temos que ser MAIS cuidadosos e tentar cometer MENOS deslizes na nossa língua portuguesa.